sábado, 21 de novembro de 2009

MÁSCARAS

(poema escrito em Agosto de 2007)

Em casa, morador
Na escola, estudante
Na empresa, empregado
Cliente ao restaurante.

A cada instante, em cada lugar
Ele é um, ele é outro
Mudando de máscaras sem cessar...

Pra reclamar, tem que ser grande e grosso
Pra namorar, só gentil, lindo e charmoso
E entrar sem pagar, só se for famoso.

No trânsito, mal-educado
Diante da esposa, amor
Na igreja, pequeno e humilde
No bar, bom falador
Pro filho, desconhecido
Diante de todos, ator.

Ao fim de seu dia ele chega
Exausto e cheio de dor
Tirando sapatos e terno
E pondo a roupa de casa
Olhando diante do espelho
Resolve tirar todas as máscaras.

Ele não é lindo e charmoso
Tampouco humilde ou orgulhoso
Não é gentil, nem mal-educado
Nem desconhecido e nem famoso
Nem estudante, nem empregado
Nem grande e nem pequeno
Ou cliente, ou vendedor.

Não ajuda, não atrapalha
Nunca foge, nunca batalha
Não deita, não dorme
Nem fala e nem se cala
Não corre, não anda
Não come, não bebe
Não ama...

Ao tirar todas as máscaras
Em seu rosto não vê mais rosto
Não há vida e sequer emoção
E se não há cara, não há coração.

De tantos disfarces que fez
De si mesmo nada sobrou
Em seu rosto, uma folha em branco
Boneco sem alma e com mil faces falsas
Que sabe ser tudo e ser todos
Menos ser de verdade.

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