quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Delgo - Crítica

E com vocês, logo acima dos mocinhos, o melhor personagem do filme!!
(e nem me lembro porquê)


Tirem as crianças do PC porque eu vou detonar com isso aqui. Aliás, eu devia era dar um chingão à Cartoon Vídeo do Cristo Rei por ter colocado essa animação infanto-juvenil na prateleira de filme-arte, isso é um insulto para obras animadas como A Viagem de Chihiro, O Castelo Animado, Bicicletas de Belleville, Steamboy e várias outras realmente artíticas que figuram com a mesma classificação. Até mesmo Belowars, a bela porcaria de Paulo Munhoz, merece mais respeito.
Ambientado num universo de riqueza criativa inquestionável - seu único ponto alto, absolutamente destoante com todo o resto - e dispondo de um preciosismo técnico quase ao nível DreamWorks, o filme gira em torno da vida de um adolescente chamado Delgo que, junto a "amigos não menos inquietos" (segundo a tosca descrição na sinopse) resolve salvar uma princesa e por um fim a um conflito entre dois povos distintos (os  Lockni e os Nohrin) que habitam o local, além de derrotar a terrível vilã que é irmã do pai da jovem princesa e que matou a mãe da menina...

Pulando os comentários óbvios do tipo "você nunca viu uma história assim antes, não é?" pra não perder tempo com problemas até pequenos perto do que esse filme tem de ruim, avanço para discutir sobre a criação dos personagens, e confesso que não sei por onde começar: vamos partir do personagem-título, um clichê fajuto e desinteressante do herói jovem, talentoso e impaciente com uma infância trágica, que nada tem de carismático e sequer causa uma gota de empatia no público, além de ser absurdamente bipolar (como no momento em que, após convidar a princesa do povo rival para um encontro e tentar uma bitoca nela ele briga com a garota como se a odiasse desde sempre). Pra piorar, Delgo vem acompanhado de Filo, uma tentativa de "parceiro-engraçadinho-piadista" que, além de não acrescentar nada à narrativa, executa totalmente o oposto de seu papel tornando-se o personagem mais insuportável e anti-cômico que já vi num filme de animação. Quanto aos outros personagens, digamos apenas que figuram caricatos, inexpressivos, clichês sem profundidade e totalmente unidimensionais.

E se tudo isso já é ruim o suficiente para você, espere: ainda tem mais! Como se não bastasse, da metade do segundo ato até o final do terceiro os roteiristas ainda apostam pesado em "piadas" praticamente a cada 2 minutos ou menos de projeção, quebrando de vez com qualquer chance que o filme poderia ter de ficar interessante ao menos em suas cenas de ação ou clímax narrativo - se ao menos essas nos fizessem rir, ainda haveria desconto para tamanha burrice, mas se pra você um "cachorro" mijar na perna dum rei aprisionado à beira de ter as asas cortadas pela vilã do filme é engraçado... Este filme é pra você!

Mas é necessário admitir que nem tudo está perdido em Delgo: composto de maneira criativa e bela, o diversificado universo do planeta onde vivem os Lockni e os Nohrin possui um invejável preciosismo técnico, com cores vibrantes e harmônicas, além de criaturas surpreendentemente bizarras e bem concebidas. A direção de Marc F. Adler e Jason Maurer também não é ruim, mas com tantas burrices de diálogo e de narrativa fica difícil contemplar um ambiente tão lindo e bem elaborado. E apesar de eu não gostar dos rostos de Delgo e seus "amigos não menos inquietos" (que m****aravilha de descrição é essa?!), não posso negar que foram bem feitos.

Portanto, é uma pena que com tantos recursos técnicos de ponta, as produtoras envolvidas no projeto tenham apostado suas fichas numa equipe de roteiristas tão podre e cuja falta de criatividade é absurda a ponto de se conseguir uma história melhor perguntando as horas em um ponto de ônibus.
Mas espere, o que é isto? Marc F. Adler, além de diretor e roteirista, também assina como produtor do filme Delgo?
Está explicado. É por isso que esta é sua unica produção.

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