quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Coisas que aprendemos com o Entre as Folhas

O texto abaixo é trecho de um e-mail de autoria da profª da disciplina de Audiovisuais Ficcionais, Cynthia Schneider, coordenadora da nossa incompleta e catastrófica, mas construtiva, empreitada cinematográfica.
Pra você que está afim de fazer Cinema, é bom dar uma olhada:

"Oi pessoal.
Vou retomar o assunto do “Entre as Folhas”, pois este filme é um trabalho acadêmico que está em fase de realização na disciplina de Audiovisuais Ficcionais do Curso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo do IFPR. Para refrescar os ânimos vou relembrá-los que o roteiro do filme decorreu da adaptação livre de um poema de Rubem Alves. O poema era o seguinte:

Leia este poema vem devagar,
pois cada imagem
merece a preguiça do olhar:

No mistério do Sem-Fim;
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim um canteiro:
no canteiro, uma violeta,
entre o planeta e o Sem-fim,
A asa de uma borboleta.

É pequeno, mas diz tudo.
Nada lhe falta. Uni-verso.
Nenhuma palavra lhe
Poderia ser tirada.
Assim se faz um poema,
Com palavras essenciais.
O poema diz o essencial.
O essencial é aquilo que,
Se nos fosse roubado,
Morreríamos.
O que não pode ser esquecido.
Substância do nosso corpo
e da nossa alma.

Rubem Alves, in “O Retorno Eterno”

Voltando ao texto original, fico pensando o que autor iria pensar ao ver a briga toda na qual nos metemos por conta da produção de um filme de 2 minutos inspirado neste poema. Achei hilário o vídeo realizado pela diretora de produção Rayane e reconheço que realmente todos nós precisavamos ouvir o desabafo. Vamos aos aspectos didáticos do filme, no que envolve o aprendizado proposto pela disciplina, no sentido de que TODOS aprenderam que:

1 - Ninguém faz um filme sozinho. Sem trabalho de equipe e múltiplos esforços direcionados para o mesmo objetivo não há chance de obtermos um resultado bom;

2 - O descaso ou a não cooperação de alguns fará, necessariamente, que outros trabalhem em dobro. Numa produção real os que não colaboraram teriam sido demitidos. Em nossa situação acadêmica, não conseguiram obter o conceito mínimo no primeiro bimestre na disciplina e terão que recuperar no próximo bimestre.

3 - É muito caro fazer filmes. E em geral, audiovisuais ficcionais custam muito mais caro do que os documentais. É por esta razão que no Brasil existe uma indústria de televisão (jornalismo e seus financiadores publicitários) e não uma de cinema. Quando montamos uma equipe de marketing era justamente para pensar em saídas criativas para resolver os problemas financeiros que certamente apareceriam.

4 - Os primeiros filmes que fazemos servem exatamente para nos mostrar as nossas limitações, dificilmente sua função é nos mostrar o quanto somos bons, criativos, competentes, inovadores ou brilhantes. E daí devemos tirar outra lição: ainda somos muito pouco colaborativos, extremamente desorganizados, não sabemos administrar nosso tempo (levamos horas e horas para gravar coisas que deveriam levar minutos!!), muitas vezes alguns de nós estão apenas de “corpo presente” e não se voluntariam para nada, nossos egos nos permitem dar ordens como se os outros colegas devessem nos servir, não sabemos nos organizar para captar recursos financeiros ou fazer trocas e permutas, nossas habilidades em marketing são nulas, perdemos tempo até com retrabalho. Mas pior do que isso, fomos exigentes ao extremo, mostrando nossa real incapacidade de adaptação à realidade econômica do país em que vivemos, principalmente nos raros investimentos no que compete à arte e ainda por cima, numa situação acadêmica reconhecidamente sem recursos financeiros.

5 - Ainda temos alguns planos para rodar e teremos transporte do IFPR para a locação. se preciso, termos câmera e cinegrafista empresatados também. Fora isso não teremos outros custos. A alimentação, se não for no esquema CUPS “cada um paga o seu” que seja num local onde conseguiram apoio ou patrocínio.


Apesar de todos os problemas que tivemos no caminho, lembro-os que temos um bom material que já foi captado e que ainda temos outros filmes para executar ainda na mesma disciplina: o videoclipe e o filme de 1 minuto sem cortes.

Creio que o objetivo principal pelo qual iniciamos o projeto deste filme foi perfeitamente atendido: todos entenderam a complexidade que é fazer um filme e puderam saber quais as competências de cada cargo numa produção.

Agradeço a todos que colaboraram com a produção do filme até agora, mas creio que já passou da hora de encerrarmos o assunto. Independente da vontade das equipes ativas na produção, aviso aos navegantes que estamos encerrando agora a discussão sobre as questões financeiras."

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