Uma das coisas que mais me
inquietava desde a infância com relação a Deus era saber o que Ele queria de
mim - de certa forma, qual meu sentido na vida e onde Deus se encaixava? Pois
apenas crer que Ele existia e não mentir, não roubar, etc. não me pareciam o
suficiente. Quando eu tinha meus 10, 11 anos de idade, meu pai parecia achar
que me fazer decorar mecanicamente os versículos do livro de Provérbios – da
Bíblia – e dizer que eu já era grande e que tinha de fazer "algo" por
Deus era o necessário pra que eu tivesse uma vida cristã. Da maneira que ele
falava parecia ser um dever, um peso, um compromisso sério que eu não conseguia entender. O tempo passou, houve o divórcio, fui retirada da
igreja e, por um bom tempo, as mesmas perguntas continuavam em meu
coração. Dos 13 aos 16 anos passei a ouvir o programa diário de rádio do Padre
Marcelo e me auto-intitulei como "católica por rádio", tentei ir à
catequese, às missas, mas aquilo não tinha o que eu precisava. Com 18 anos me
considerava uma simples "sem-religião", que apenas acreditava na
existência de um Deus e cria que havia sido criada revolucionar e mudar o mundo
através do meu Cinema, que na época era um meio-termo entre o blockbuster e o
cine-arte, com uma porção de animações, um ou outro documentário, poucos dramas e mais
centenas de fantasias estranhas; uma das minhas maiores pretenções era juntar todos os
credos, achando que pegando o melhor de cada religião e filosofia eu teria a
Paz mundial e satisfação pessoal.
Aquilo me pareceu suficiente por
um tempo, até eu conhecer em 2009 um rapaz chamado Wellington. Havia duas coisas que me
impressionavam nele: a primeira era o modo como me aconselhava, muitas vezes
dizendo não o que eu queria ouvir, mas o que eu precisava ouvir; e a segunda
era o modo carinhoso como falava de Deus: ele não usava de simples retórica ou
de algum texto feito sobre um Ser sobrenatural acima de toda a compreensão
humana – ele falava de Deus como se fosse um amigo, alguém próximo e presente,
e mais: ele sentia isso; esse amor por Deus, essa intimidade transparecia de
uma maneira tão natural que eu não conseguia compreender. Independente da "avançada" filosofia espiritual que eu tivesse, de todo o conhecimento e junção religiosa que buscasse pra alcançar o divino, tudo aquilo empalideceria perante o jeito simples com o qual aquele garoto cheio de defeitos se relacionava com seu Deus.
Por muito tempo pensei que isso era exclusividade dele, pois oriunda de uma igreja evangélica eu nunca vira isso antes, ou ao menos não percebia. Mas quando a situação apertou e Wellington já não fazia mais parte do meu convívio (por vários motivos, inclusive muitas burrices minhas), acabei por ironia divina parando exatamente na igreja que deixara anos atrás, não sabendo as surpresas que me aguardavam por lá. Duas coisas impactantes que descobri nesta igreja, onde estou até hoje, foram:
1.
Aquela paixão que Wellington tinha por Deus não
era uma exclusividade dele; e
2.
Eu também podia ser assim.
Intimidade com Deus não é um privilégio apenas de grandes figuras históricas e bíblicas: é algo que Ele quer de cada um de nós. Eu demorei muito a entender (19 anos, hehehe) que o que Deus quer de mim não é que eu apenas leia a Bíblia e cumpra os mandamentos; o propósito de Deus ter se feito carne (Jesus), se sacrificado e ressuscitado dos mortos foi para que hoje eu pudesse ter acesso livre a Ele, um relacionamento com Deus!!! Jesus é a ligação, a porta para conhecer a Deus, poder falar com Ele e ainda ouví-lo. Deus me criou para se relacionar comigo como um bom pai/amigo deve se relacionar com seus filhos, no sentido mais literal da palavra, ou seja: amando, ouvindo as coisas mais íntimas e até as mais triviais que passam pela nossa mente, pelo nosso coração. Muitas vezes somos levados a pensar que nossos problemas são tão pequenos diante de inúmeras dificuldades de outras pessoas, que parece-nos egoísmo falar de coisas pequenas do nosso dia-a-dia, como se Deus não se importasse com elas. Mas Deus não é um governador, ou um presidente; Ele é um pai, um amigo próximo que nos acompanha diariamente onde quer que vamos. Já imaginou você andar o dia inteiro com uma pessoa do seu lado e não lhe dirigir uma palavra sequer? Deus se importa com o mínimo, e se importa com o máximo, afinal Ele é Deus, Ele é onipotente, é onipresente, e é onisciente. Mas apesar de saber de tudo, pra que Ele possa agir na nossa vida nós temos que permitir.
E como fazemos isso? Por meio da oração.
Oração é diálogo com Deus, é conversa, um momento de se abrir, de ser sincero, de ser grato, de buscar a Deus. Quanto mais conversamos com alguém, mais acabamos sabendo sobre essa pessoa e é assim com Deus também.
E nunca é tarde pra começar.
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