sábado, 28 de janeiro de 2012

Um Sentido

Uma das coisas que mais me inquietava desde a infância com relação a Deus era saber o que Ele queria de mim - de certa forma, qual meu sentido na vida e onde Deus se encaixava? Pois apenas crer que Ele existia e não mentir, não roubar, etc. não me pareciam o suficiente. Quando eu tinha meus 10, 11 anos de idade, meu pai parecia achar que me fazer decorar mecanicamente os versículos do livro de Provérbios – da Bíblia – e dizer que eu já era grande e que tinha de fazer "algo" por Deus era o necessário pra que eu tivesse uma vida cristã. Da maneira que ele falava parecia ser um dever, um peso, um compromisso sério que eu não conseguia entender. O tempo passou, houve o divórcio, fui retirada da igreja e, por um bom tempo, as mesmas perguntas continuavam em meu coração. Dos 13 aos 16 anos passei a ouvir o programa diário de rádio do Padre Marcelo e me auto-intitulei como "católica por rádio", tentei ir à catequese, às missas, mas aquilo não tinha o que eu precisava. Com 18 anos me considerava uma simples "sem-religião", que apenas acreditava na existência de um Deus e cria que havia sido criada revolucionar e mudar o mundo através do meu Cinema, que na época era um meio-termo entre o blockbuster e o cine-arte, com uma porção de animações, um ou outro documentário, poucos dramas e mais centenas de fantasias estranhas; uma das minhas maiores pretenções era juntar todos os credos, achando que pegando o melhor de cada religião e filosofia eu teria a Paz mundial e satisfação pessoal. 
Aquilo me pareceu suficiente por um tempo, até eu conhecer em 2009 um rapaz chamado Wellington. Havia duas coisas que me impressionavam nele: a primeira era o modo como me aconselhava, muitas vezes dizendo não o que eu queria ouvir, mas o que eu precisava ouvir; e a segunda era o modo carinhoso como falava de Deus: ele não usava de simples retórica ou de algum texto feito sobre um Ser sobrenatural acima de toda a compreensão humana – ele falava de Deus como se fosse um amigo, alguém próximo e presente, e mais: ele sentia isso; esse amor por Deus, essa intimidade transparecia de uma maneira tão natural que eu não conseguia compreender. Independente da "avançada" filosofia espiritual que eu tivesse, de todo o conhecimento e junção religiosa que buscasse pra alcançar o divino, tudo aquilo empalideceria perante o jeito simples com o qual aquele garoto cheio de defeitos se relacionava com seu Deus.
Por muito tempo pensei que isso era exclusividade dele, pois oriunda de uma igreja evangélica eu nunca vira isso antes, ou ao menos não percebia. Mas quando a situação apertou e Wellington já não fazia mais parte do meu convívio (por vários motivos, inclusive muitas burrices minhas), acabei por ironia divina parando exatamente na igreja que deixara anos atrás, não sabendo as surpresas que me aguardavam por lá. Duas coisas impactantes que descobri nesta igreja, onde estou até hoje, foram:
1.       Aquela paixão que Wellington tinha por Deus não era uma exclusividade dele; e
2.      Eu também podia ser assim.
Intimidade com Deus não é um privilégio apenas de grandes figuras históricas e bíblicas: é algo que Ele quer de cada um de nós. Eu demorei muito a entender (19 anos, hehehe) que o que Deus quer de mim não é que eu apenas leia a Bíblia e cumpra os mandamentos; o propósito de Deus ter se feito carne (Jesus), se sacrificado e ressuscitado dos mortos foi para que hoje eu pudesse ter acesso livre a Ele, um relacionamento com Deus!!! Jesus é a ligação, a porta para conhecer a Deus, poder falar com Ele e ainda ouví-lo. Deus me criou para se relacionar comigo como um bom pai/amigo deve se relacionar com seus filhos, no sentido mais literal da palavra, ou seja: amando, ouvindo as coisas mais íntimas e até as mais triviais que passam pela nossa mente, pelo nosso coração. Muitas vezes somos levados a pensar que nossos problemas são tão pequenos diante de inúmeras dificuldades de outras pessoas, que parece-nos egoísmo falar de coisas pequenas do nosso dia-a-dia, como se Deus não se importasse com elas. Mas Deus não é um governador, ou um presidente; Ele é um pai, um amigo próximo que nos acompanha diariamente onde quer que vamos. Já imaginou você andar o dia inteiro com uma pessoa do seu lado e não lhe dirigir uma palavra sequer? Deus se importa com o mínimo, e se importa com o máximo, afinal Ele é Deus, Ele é onipotente, é onipresente, e é onisciente. Mas apesar de saber de tudo, pra que Ele possa agir na nossa vida nós temos que permitir.
E como fazemos isso? Por meio da oração.
Oração é diálogo com Deus, é conversa, um momento de se abrir, de ser sincero, de ser grato, de buscar a Deus. Quanto mais conversamos com alguém, mais acabamos sabendo sobre essa pessoa e é assim com Deus também.
E nunca é tarde pra começar.

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