quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Não Louve Assim!



Não tem como não rir, mas não tem como não concordar. Muita gente pensa que "ser crente" é só ir pra igreja, "curtir o fervo" das canções, fazer um social e vazar. Outros participam de ministério, são ativos na igreja, mas tão lá também só pra se aparecer, achar um namô... Outros esquentam banco há vinte anos e nem se lembram mais do que estão cantando, mas como já é costume mesmo, vamos continuar cantando! Outros cantam, cantam, caaaantam e louvam no domingo... E segunda-feira nem se lembram mais que Deus existe. Quanta variedade de hipócritas, não?

Pois é, mas é real e é só a gente se descuidar um pouco, que já começa a "imitar" o mau-exemplo sem perceber. Vou assumir, me identifiquei com uma boa parte dos simpáticos exemplos do vídeo. Ás vezes a gente está lá vibrando e cantando, fazendo "cara de adorador" com toda energia, mas se alguém for perguntar o significado das palavras que estamos proferindo, a resposta pode ser um "blá, blá, blá" minusciosamente decorado - cujo significado também nos é um mistério, ou até um sincero e triste "ah, não sei, mas o ritmo é bem legal!!"

É, o ritmo é legal, mas quando você para pra ouvir a letra... Cantar pedindo "vem derramar Tua glória" ou "traz refrigério a minh'alma", ou anunciando "Recebe a cura, recebe a unção" é susse, mas e declarar "só por Ele eu viverei" ou "quebranta-me, transforma-me" ou quem sabe "pois quando eu escutar, de todo o coração obedecerei"?? A gente declara isso o tempo todo, mas... A gente vive?

 "Quem diz que nunca pecou já está pecando, pois é mentiroso" não adianta tentar enganar a si mesmo dizendo que isso nunca lhe aconteceu.

Como ministro de louvor, solista, membro de coro, às vezes a gente fica a música inteira analisando se a voz está certinha, se as "caretas espirituais" estão de acordo... Mas sem sentir e crer de fato no que está cantando perante a congregação. E até na congregação, isso também acontece - infelizmente falo por experiência própria. ¬¬

Jesus quer verdadeiros adoradores, "que o adorarão em espírito e em verdade" (João 4:23) fingir que você sente e vive algo que você não sente, nem vive, não vai te levar à presença de Deus nem hoje, nem nunca!!

Que além de render boas risadas, esse vídeo nos faça refletir e, principalmente, MUDAR.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Persépolis - Crítica

Satrapi sem contornos
Numa vertente do Cinema em que as mulheres costumavam ser caracterizadas como indefesas “donzelas em perigo”, assistir a um filme sobre uma mulher, feito por quem REALMENTE entende do assunto – ou seja, uma mulher – é um presente mais do que bem-vindo, e há muito tempo esperado.


E Marjane Satrapi não decepciona. Tendo como referencial master sua incrível e forte avó, vemos na jovem “profetiza” uma garota que, além de vivenciar todos os dilemas e conflitos pelos quais toda mulher no mundo passa (garotos, transformações no corpo, garotos...), ainda sofre com preconceito e discriminação – tanto pelo forte machismo em seu país de origem (Irã) quanto fora dele, pela xenofobia que se tem a “árabes” no geral – além da ditadura e das guerras civis que imperam o país na época do Xá. Mas além de mulheres fortes como a avó, também conhecemos verdadeiros homens honrados e corteses num ambiente tão impróprio, como o pai e o tio de Marjane.
 
 
Além dos personagens muito bem caracterizados, temos os impecáveis aspectos técnicos e narrativos de uma animação 2D tradicional que, mesmo com traço extremamente simples é muito bem elaborada e aproveitada tanto para fazer gags (as transformações na puberdade de Satrapi) como para efeito dramático (execuções, conversas da garota com Deus e Karl Marx). Outra coisa interessante de se notar é a “animação dentro da animação”, feita através de recortes em papel e usada para acompanhar a narração do pai de Marjane sobre a história do Xá.
 
 
A trilha sonora também acompanha o ritmo e os tons do filme com maestria, tendo seu ponto de destaque numa divertidíssima releitura de Rocky Balboa, com Marjane cantando “Eye Of The Tiger”. Por fim, a “fotografia” do filme se mostra certeira ao colocar todas as experiências passadas da protagonista em PB, fazendo do filme um longo e divertido flashback que ao final ganha cor, mostrando de maneira orgânica e criativa o momento exato em que o passado se torna o presente da história de Satrapi.

E independente do quanto eu goste de Ratatouille, confesso que o grande merecedor do Oscar de Animação daquele ano saiu da premiação com as mãos vazias.