Obs: Pra quem quiser ouvir, a 1ª e a 2ª edições do PodCast já estão no ar!
Olá!
A todos que estão ansiosos por saber mais sobre os indicados para o Oscar de Melhor Animação, eu tenho uma notícia: não é nesta edição que você ouvirá sobre eles!
O filme de hoje é justamente uma animação que não ganhou o Oscar de seu ano e sequer ficou entre os finalistas, concorrendo apenas como Melhor Filme Estrangeiro.
Estamos falando de “Valsa com Bashir”, uma produção israelense dirigida por Ari Folman.
Num surpreendente formato de “documentário animado” são retratadas as tentativas do próprio Folman, um veterano da Guerra do Líbano de 1982, de recuperar suas memórias perdidas dos eventos que marcaram o massacre de Sabra e Shatila.
Além da ousadíssima proposta do filme, retratando a crueldade e o ridículo da guerra
com até mais intensidade do que o aclamado “Apocalipse Now”, “Valsa com Bashir” é, sem dúvida, um delírio para os olhos. O capricho dos traços e movimentos é tamanho que fez muitos duvidarem se o filme não fora feito com rotoscopia, de tão detalhada e bem desenhada que é a animação. A paleta de cores, intercalando sempre entre tons de amarelo e azul, as sombras contrastantes, o ritmo da trilha sonora, tudo isso aumenta a dramaticidade sem pender para exageros e ainda confere ao filme um ar ao mesmo tempo triste e misterioso,
que vai pesando cada vez mais conforme as memórias vão surgindo à mente de Folman.
Valsa com Bashir pode até retratar uma guerra específica, mas não perde tempo com explicações. Talvez intencionalmente, já que consegue fazer referências tanto à guerra do Vietnã quanto aos campos de concentração nazistas, mostrando que independente da época
e das supostas justificativas, tudo não passa de uma barbárie que trará sofrimento e traumas tanto para quem é vítima, quanto para quem pratica.
Magnífico e extremamente adulto em todos os seus aspectos, um filme que merecia, no mínimo, ter ficado entre os finalistas de Melhor Animação.
E independente do quanto eu goste do vencedor Wall-E, não posso negar que a ousadia técnica e temática de Valsa com Bashir o colocaria no topo do pódio, caso isso fosse levado em conta como deveria.